Sobre o MIA 2021

Depois de um ano maldito em que fomos obrigados primeiro a adiar o MIA e depois a reduzi-lo a dois ou três pequenos momentos caseiros com transmissão online, vamos tentar retomar um Encontro que já vai concluir uma dúzia de edições. O 12º MIA realiza-se entre 18 e 20 de Junho.

Numa altura em que a Zpoluras – Associação Cultural, entidade organizadora do evento desde a sua criação, está integrada num projecto internacional (S.H.A.R.E.) para a promoção e desenvolvimento da música improvisada, o MIA 2021 terá a participação dos parceiros europeus neste projecto, com artistas vindos de França, Itália e Dinamarca. O projecto visa a criação de uma Federação internacional em defesa deste género musical e desde já apelamos a todos os músicos e colaboradores que se inscrevam na base de dados que está a ser criada para o efeito, em https://database.shareimpro.eu

Quanto ao MIA, devido às restrições que ainda vigoram em função da pandemia, resolvemos fazer um encontro com menores dimensões em relação ao que era habitual. Ainda assim, teremos a participação de 34 músicos, cujo recrutamento se processou exclusivamente através de convite, não tendo sido abertas inscrições. Estas apenas terão lugar (e, mesmo assim, em número limitado) para a participação num workshop integrado na programação. Limitado será também o número de pessoas na assistência, já que a lotação do auditório deve reduzir para metade – cerca de 50 lugares.

A gestão da programação decorreu de um conceito muito simples, com a repescagem de artistas convidados para a edição de 2020, juntamente com artistas representativos de outras associações e grupos apadrinhados por músicos ligados à organização. Todos os grupos programados são de pequeno formato (um duo, três trios, cinco quartetos e um quinteto), admitindo-se ainda a hipótese de fazer um ensemble mais alargado se houver condições que o permitam.

Previamente, e a título preparatório, vai acontecer um concerto em forma de “viagem sonora” no dia 29 de Maio com um quinteto da casa. Carlos Canão, Fernando Simões, Luís Guerreiro, Paulo Chagas e Paulo Duarte serão os intervenientes deste que será o primeiro evento presencial de música improvisada nesta zona desde o início da pandemia em Março de 2020.

O MIA propriamente dito terá início com um workshop orientado por Nuno Rebelo na tarde de 18 Junho, sendo que no final da sessão os participantes farão uma apresentação pública do trabalho desenvolvido. Nessa noite, cumprindo a tradição, o concerto inaugural terá lugar na Igreja de S. José com um quarteto de instrumentos graves, idealizado por João Pedro Viegas (clarinete-baixo) e que engloba dois contrabaixistas (Alvaro Rosso e Miguel Falcão) além do francês François Mellan na tuba.

No sábado teremos o projecto 5TO1 composto por músicos convidados por Fernando Simões. Ao lado do trombonista estarão nomes que têm sido presença habitual e fundamental no Encontro: Maria Radich (voz), Maria do Mar (violino), Paulo Pimentel (piano) e Mário Rua (bateria).

De seguida, actuará aquele que é talvez o mais simbólico grupo em honra do projecto SHARE – um quarteto internacional criado pela organização do Encontro e que será formado por Elisabetta Lanfredini – voz, Niels Mestre – guitarra, Manuel Guimarães – piano e Jonathan Aardestrup – contrabaixo, representando respectivamente Itália, França, Portugal e Dinamarca.

“Caos e Afinidade” – um filme-documentário de Pedro Gonçalves que aborda a cena da improvisação nacional, será exibido nessa mesma tarde que terminará com um concerto ao ar livre, na habitual Fonte Gótica, com o Voltaic Trio composto por Luís Guerreiro – trompete, Jorge Nuno – guitarra e João Valinho – bateria. O trio tem disco a sair muito em breve, pelo que o concerto despertará certamente uma curiosidade acrescida.

À noite teremos um trio com uma actividade intensa que se tem vindo a acentuar nos últimos dois anos, cujos nomes dispensam quaisquer apresentações: Rodrigo Amado – saxofone, Hernâni Faustino – contrabaixo, João Lencastre – bateria.

Domingo, dia 20, de manhã voltaremos a ter as famosas sessões infantis. Elisabetta Lanfredini e Uygur Vural que têm participado nas últimas edições do MIA serão protagonistas em mais um momento de música (improvisada) para crianças.

A sessão da tarde inicia-se com um trio em representação dos vizinhos do colectivo “O Osso” de Caldas da Rainha. Ricardo Jacinto – violoncelo, Nuno Torres – saxofone e Nuno Morão – bateria serão os intervenientes.

A saxofonista e compositora dinamarquesa Maria Dybbroe, nome incontornável da nova cena da música experimental nórdica, estará com o italiano Vito Basile – baixo eléctrico e os portugueses Paulo Duarte – guitarra e Joana Guerra – violoncelo, no quarteto que antecederá “A utopia segundo Derrida” - uma conferência com Rui Eduardo Paes.

No final da tarde teremos outro quarteto, em tons que se podem adivinhar algo meditativos, dada a sua formação: Carlo Mascolo – trombone, Uygur Vural – violoncelo, Carla Santana – electrónica e Carlos Canão – gongo, taças tibetanas.

Para fechar o programa, partindo de dois duos anteriormente desenvolvidos (Chagas-Rebelo e Chagas-Mira) e com a inclusão da bateria de Felice Furioso, este grupo irá apresentar um universo sonoro único, ao qual se juntará a componente visual do realizador Pedro Gonçalves. Paulo Chagas – flauta, saxofone, Nuno Rebelo – guitarra, Miguel Mira – violoncelo e Felice Furioso – bateria.

Todos os concertos do 12º MIA serão gravados em áudio e vídeo, para divulgação posterior e eventual edição fonográfica, como habitualmente.